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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

REVIVE - Rede de Vigilância de Vectores

As doenças infecciosas transmitidas por vectores e roedores ao Homem são uma questão importante para a saúde global. Nas últimas duas décadas, muitos agentes patogénicos associados a vectores têm surgido em novas regiões, enquanto muitas doenças endémicas têm aumentado a sua incidência.

As doenças transmitidas por vectores têm emergido, ou reemergido, como resultado de alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes patogénicos, resistência dos vectores a insecticidas e inversão da importância dada à resposta à emergência em detrimento da prevenção. Existe uma preocupação crescente das autoridades de saúde europeias com a probabilidade de introdução de novos vectores em determinadas zonas geográficas, assim como a possibilidade de surgimento de surtos inesperados e provocados por agentes etiológicos que nunca estiveram presentes ou há muito tempo estavam esquecidos na realidade europeia. 

As doenças infecciosas associadas a vectores transmitidas ao Homem constituem um grupo de doenças com grande importância clínica, epidemiológica e laboratorial. Os principais vectores são, os mosquitos, os flebótomos, as carraças, as pulgas e os piolhos.

Os agentes das doenças infeciosas transmitidas por mosquitos destacam-se, pela sua gravidade, em doenças causadas por parasitas como a Malária (Plasmodium) e as Filárias, mas também por vírus como o Dengue e West Nile, assim como Batai (Calovo vírus), Ockelbo, Inkoo, Tahyna, Usutu.

As carraças são outro grupo de vetores transmissores de doenças infeciosas de que a Febre recorrente por carraça, a Borreliose de Lyme, a Tularémia, a Febre Q, a Ehrlichiose, a Anaplasmose e a Babesiose são as mais conhecidas, mas também outras doenças causadas por vírus devem ser consideradas como o TBE, CCHF, Bhanja, Thogoto, Dhori, Tribec, Tettnang e vírus Eyach virus.
Entre as doenças transmitidas por pulgas a Peste é, sem dúvida, a que se reveste de maior importância em termos mundiais.

Os roedores são outro importante grupo de transmissores de agentes infecciosos, de que as leptospiroses e as salmoneloses, de origem bacteriana, são as doenças mais importantes, devendo, no entanto, ser também consideradas as de origem viral associadas aos vírus Puumala, Dobrava, Saarema e vírus da cori meningite linfocitária.

Os mosquitos são insectos que pertencem à família Culicidae, uma das mais primitivas famílias da ordem Díptera, na qual se reconhecem mais de 3500 espécies e subespécies distribuídas por todo o mundo, exceto nos locais permanentemente gelados. Os mosquitos são o mais importante grupo de artrópodes do ponto de vista médico e veterinário pelo facto de serem vectores de importantes doenças da espécie humana. A malária, várias arboviroses e filarioses linfáticas causam anualmente elevada morbilidade e mortalidade. Estima-se que em 2012 tenha havido 207 milhões de casos de malária que causaram aproximadamente 627 000 mortes. Em 2013, foi relatada a transmissão de malária em 97 países e estima-se que 3,4 mil milhões de pessoas se encontrem em risco de contrair malária. Quanto aos arbovírus (arthropod-borne vírus), o dengue é a mais importante infecção viral transmitida por mosquitos. O ciclo de vida dos mosquitos compreende necessariamente uma fase aquática, relativa às formas imaturas, ovo, quatro estádios larvares e pupa e uma fase terrestre/aérea correspondente ao mosquito adulto. Os métodos de controlo de mosquitos podem ser dirigidos às formas imaturas, controlo larvar, ou aos adultos, sendo a metodologia adequada às características ecológicas de cada estádio. São classificados como: métodos físicos, químicos e biológicos.

Os agentes patogénicos associados a vectores e a roedores têm surgido em novas regiões geográficas, enquanto muitas doenças endémicas têm aumentado a sua incidência. A introdução de novos agentes infecciosos está habitualmente ligada ao aumento do tráfego de bens e pessoas, em alturas em que as condições (por exemplo, hospedeiros, vectores e clima) são adequadas para a sua proliferação. Uma vez que o agente patogénico se estabelece, factores ecológicos relacionados com as características do vector, podem moldar a pressão evolutiva selectiva e resultar num aumento do uso de pessoas como hospedeiros de transmissão.

Considerando que:
As Administrações Regionais de Saúde são organismos que têm como atribuições vigiar a saúde das populações na sua área geodemográfica e monitorizar os factores de risco susceptíveis de diminuírem a saúde das mesmas, bem como desenvolver e fomentar actividades no âmbito da saúde pública, de modo a garantir a protecção e promoção da saúde das populações. A vigilância de vectores de doença está aqui contemplada, tornando-se necessário a sua identificação e detecção dos microrganismos por eles veiculados. Esta actividades está contemplada nos programas REVIVE implementados e controlados pelas USP's dos ACeS.

Nota: Elaborado por António Afonseca, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende. Fotografia da profissional da autoria de Dario Silva. Fotografia do topo da notícia obtida a partir do banco de imagens grátis MorgueFile.


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Doenças transmitidas por mosquitos: cuidado com as picadelas

Viajar para destinos internacionais, sem medidas preventivas adequadas pode causar retorno ao país de origem com alguma doença tropical. Assim, quando viajar é importante tomar precauções contra as doenças infecciosas e os riscos de saúde relacionados à falta de higiene, saneamento e qualidade da água. Recentemente, soube-se que várias pessoas foram infectadas durante uma viagem para algumas áreas do
Caraíbas, devido a uma doença pouco conhecida: a febre chikungunya.

Nos últimos anos, tem havido uma onda de doenças raras, associada a um aumento no número de viajantes que vão para países tropicais ou em desenvolvimento, que não seguem as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades de saúde. 

Casos importados de chikungunya 

Os mosquitos, carraças e moscas podem transmitir doenças graves que podem comprometer a saúde. 
A Febre Chikungunya é uma doença viral, descoberta na Tanzânia, em 1952, e é transmitida pela picada do mosquito da febre amarela (Aedes aegypti, ver foto desta notícia) e pelo mosquito tigre asiático (Aedes albopictus). Embora o primeiro se limita a áreas tropicais, o mosquito tigre é encontrado em muitas partes da Europa, incluindo na Catalunha. Se o inseto pica uma pessoa infectada, adquire o vírus e pode espalhar a infecção em cada picadela. 

Este vírus pertencente à família Togaviridae. Chikungunya significa Kimakonde (língua Bantu da Tanzânia) "bend", em referência à aparência encurvada causando forte dor nas articulações para as pessoas afetadas. Também causa febre, dor muscular, dor de cabeça, náuseas, fadiga e erupção cutânea, semelhantes aos dos sintomas de dengue, o que pode, por vezes, confundir o diagnóstico. O período de incubação é de 4-12 dias após as picadas de mosquitos infectados. Na fase aguda da doença, provoca intensa dor de cabeça e mal-estar, que geralmente dura cinco dias.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença não é fatal, mas causa dor nas articulações que podem durar semanas, meses e até anos. O tratamento visa aliviar os sintomas. A maioria das pessoas afetadas recupera-se completamente, embora tenham havido alguns casos com sequelas oculares, neurológicas, cardíacas e gastrointestinal. Embora as complicações não sejam comuns, em idosos pode ser fatal. 

Espera-se que com as férias e viagens para áreas endémicas, os casos com esta doença possam aumentar. No entanto, é difícil de quantificar, uma vez que como não é uma doença de notificação obrigatória, não há nenhum registo do total de casos de chikungunya. 

Prevenção: os mosquitos à distância 

Ficar perto dos locais de reprodução dos mosquitos é um fator de alto risco para o desenvolvimento de febre chikungunya e de outras doenças transmitidas por vetores, como a dengue e a malária. Até agora, a atitude preventiva mais eficaz tem passado pela redução dos reservatórios de água (natural e artificial), porque é onde os mosquitos colocam os ovos e as larvas se desenvolvem. Na verdade, o mosquito tigre precisa de pouca água para pôr ovos: uma pequena poça serve. 

Os viajantes para áreas de risco devem ter cautela e tomar medidas preventivas contra as picadelas de mosquitos: uso de repelentes (se usar também usar um protetor solar, deve primeiro aplicar o protetor solar e, depois de esperar meia hora, colocar o repelente para mosquitos, pois a eficácia de ambos poderá ser comprometida), usar calças compridas e camisas de mangas compridas e instalar rede mosquiteiras nas janelas.

Doenças transmitidas por vetores 

Vetores são pequenos insetos, como mosquitos, carraças ou moscas, capazes de transmitir doenças graves que podem comprometer a saúde. Segundo dados da OMS, as doenças transmitidas por vetores mata anualmente mais de um milhão de pessoas, e metade da população mundial está em risco. Uma única picadela pode causar a doença de Chagas, malária, dengue, febre amarela, doença de Lyme ou leishmania. 

Por esta razão, as autoridades de saúde insistem em algumas precauções básicas quando viaja, nomeadamente: tomar a vacina contra a febre amarela, uso de redes mosquiteiras nas janelas, uso de roupas de cor clara, mangas compridas e calças compridas, uso de repelente e dormir sob redes mosquiteiras.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Vigilância de Vectores nos Concelhos de Barcelos e Esposende

As doenças transmitidas por vectores têm emergido, ou reemergido, como resultado de alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes patogénicos, resistência dos vectores a insecticidas, entre outros factores.

Privilegiando a prevenção, em detrimento da resposta à emergência, a vigilância permitirá que qualquer alteração na abundância, na diversidade e no papel do vector, detectada atempadamente, leve as autoridades de saúde a tomar medidas que contribuam para o controlo das populações de vectores de forma a eliminar/minimizar o impacto na saúde pública.

Em 2008, através de um protocolo celebrado entre as Administrações Regionais de Saúde, a Direcção-Geral da Saúde e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, foi criada uma Rede de Vigilância de Vectores - REVIVE – a nível nacional. A importância da criação do REVIVE deveu-se, sobretudo, à necessidade de saber exactamente que espécies de vectores estão presentes em Portugal, e onde, assim como de clarificar o seu papel como vector de agentes de doença.

Na região Norte, o REVIVE iniciou-se com a vigilância de culicídeos (mosquitos e larvas), sendo em 2011 alargado à vigilância de ixodídeos (carraças). De salientar que, das capturas já efectuadas na região Norte, não foram identificadas espécies exóticas/invasoras, fazendo todas as espécies encontradas parte da fauna de culicídeos de Portugal.

Este programa, que se desenvolve entre Maio e Outubro, está implementado localmente pela Unidade de Saúde Pública de Barcelos/Esposende, compreendendo a captura destes vectores nos concelhos de Barcelos e Esposende em locais previamente seleccionados. No concelho de Esposende, desde 2008, foram já efectuadas capturas nas freguesias de Palmeira de Faro, Marinhas, Esposende, Fão e Apúlia. No concelho de Barcelos, com início apenas em 2010, foram capturados vectores nas freguesias de Vilar de Figos e Macieira de Rates.

Pretende-se que os locais de captura, a seleccionar para 2011, contribuam para uma melhor caracterização das espécies de vectores – larvas, mosquitos e carraças – existentes na área geográfica do concelho de Barcelos e Esposende. Desta forma, convida-se a população de Barcelos e Esposende a indicarem à Unidade de Saúde Pública possíveis locais de captura destes vectores, que pelo seu conhecimento sejam locais de grande abundância destes vectores.

Para dúvidas, sugestões ou comentários, não hesite em utilizar o endereço de correio electrónico usp@csbarcelinhos.min-saude.pt.

Nota: Elaborado por Sílvia Silva, Técnica de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública de Barcelos/Esposende e publicado no Jornal de Barcelos de 30/03/2011