As
doenças infecciosas transmitidas por vectores e roedores ao Homem são uma questão
importante para a saúde global. Nas
últimas duas décadas, muitos agentes patogénicos associados a vectores têm surgido
em novas regiões, enquanto muitas doenças endémicas têm aumentado a sua
incidência.
As
doenças transmitidas por vectores têm emergido, ou reemergido, como resultado de
alterações climáticas, demográficas e sociais, alterações genéticas nos agentes
patogénicos, resistência dos vectores a insecticidas e inversão da importância
dada à resposta à emergência em detrimento da prevenção. Existe uma preocupação
crescente das autoridades de saúde europeias com a probabilidade de introdução
de novos vectores em determinadas zonas geográficas, assim como a possibilidade
de surgimento de surtos inesperados e provocados por agentes etiológicos que
nunca estiveram presentes ou há muito tempo estavam esquecidos na realidade
europeia.
As
doenças infecciosas associadas a vectores transmitidas ao Homem constituem um
grupo de doenças com grande importância clínica, epidemiológica e laboratorial. Os
principais vectores são, os mosquitos, os flebótomos, as carraças, as pulgas e
os piolhos.
Os
agentes das doenças infeciosas transmitidas por mosquitos destacam-se, pela sua
gravidade, em doenças causadas por parasitas como a Malária (Plasmodium) e as Filárias, mas também
por vírus como o Dengue e West Nile, assim como Batai (Calovo vírus), Ockelbo, Inkoo, Tahyna, Usutu.
As
carraças são outro grupo de vetores transmissores de doenças infeciosas de que
a Febre recorrente por carraça, a Borreliose de Lyme, a Tularémia, a Febre Q, a
Ehrlichiose, a Anaplasmose e a Babesiose são as mais conhecidas, mas também
outras doenças causadas por vírus devem ser consideradas como o TBE, CCHF,
Bhanja, Thogoto, Dhori, Tribec, Tettnang e vírus Eyach virus.
Entre
as doenças transmitidas por pulgas a Peste é, sem dúvida, a que se reveste de
maior importância em termos mundiais.
Os
roedores são outro importante grupo de transmissores de agentes infecciosos, de
que as leptospiroses e as salmoneloses, de origem bacteriana, são as doenças
mais importantes, devendo, no entanto, ser também consideradas as de origem
viral associadas aos vírus Puumala, Dobrava, Saarema e vírus da cori meningite
linfocitária.
Os
mosquitos são insectos que pertencem à família Culicidae, uma das mais
primitivas famílias da ordem Díptera, na qual se reconhecem mais de 3500
espécies e subespécies distribuídas por todo o mundo, exceto nos locais
permanentemente gelados. Os
mosquitos são o mais importante grupo de artrópodes do ponto de vista médico e
veterinário pelo facto de serem vectores de importantes doenças da espécie
humana. A
malária, várias arboviroses e filarioses linfáticas causam anualmente elevada
morbilidade e mortalidade. Estima-se que em 2012 tenha havido 207 milhões de
casos de malária que causaram aproximadamente 627 000 mortes. Em 2013, foi
relatada a transmissão de malária em 97 países e estima-se que 3,4 mil milhões
de pessoas se encontrem em risco de contrair malária. Quanto aos arbovírus
(arthropod-borne vírus), o dengue é a mais importante infecção viral transmitida
por mosquitos. O
ciclo de vida dos mosquitos compreende necessariamente uma fase aquática,
relativa às formas imaturas, ovo, quatro estádios larvares e pupa e uma fase
terrestre/aérea correspondente ao mosquito adulto. Os
métodos de controlo de mosquitos podem ser dirigidos às formas imaturas,
controlo larvar, ou aos adultos, sendo a metodologia adequada às
características ecológicas de cada estádio. São classificados como: métodos
físicos, químicos e biológicos.
Os
agentes patogénicos associados a vectores e a roedores têm surgido em novas
regiões geográficas, enquanto muitas doenças endémicas têm aumentado a sua
incidência. A
introdução de novos agentes infecciosos está habitualmente ligada ao aumento do
tráfego de bens e pessoas, em alturas em que as condições (por exemplo,
hospedeiros, vectores e clima) são adequadas para a sua proliferação. Uma vez
que o agente patogénico se estabelece, factores ecológicos relacionados com as
características do vector, podem moldar a pressão evolutiva selectiva e resultar
num aumento do uso de pessoas como hospedeiros de transmissão.
Considerando
que:
As
Administrações Regionais de Saúde são organismos que têm como atribuições
vigiar a saúde das populações na sua área geodemográfica e monitorizar os
factores de risco susceptíveis de diminuírem a saúde das mesmas, bem como
desenvolver e fomentar actividades no âmbito da saúde pública, de modo a
garantir a protecção e promoção da saúde das populações. A vigilância de vectores
de doença está aqui contemplada, tornando-se necessário a sua identificação e
detecção dos microrganismos por eles veiculados. Esta actividades está
contemplada nos programas REVIVE implementados e controlados
pelas USP's dos ACeS.
Nota: Elaborado por António Afonseca, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende. Fotografia da profissional da autoria de Dario Silva. Fotografia do topo da notícia obtida a partir do banco de imagens grátis MorgueFile.
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