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terça-feira, 6 de julho de 2010

Efeitos ecológicos e sociais da grande corrida aos solos agrícolas

Parece um relato do colonialismo, mas estamos em pleno séc. XXI!

As grandes empresas do mundo dito desenvolvido acotovelam-se para comprar e alugar as terras mais férteis dos países em desenvolvimento, suscitando temores crescentes de uma nova “partilha de África”.

De acordo com Olivier de Scutter, perito das Nações Unidas em direito à alimentação, 30 milhões de hectares – o triplo da área do nosso país, foram objecto de negociações intensivas nos 3 últimos anos, em países em desenvolvimento.

A China, a Coreia do Sul e a Arábia Saudita, são os pontas-de-lança a cobiçar terras no Congo, Sudão, Tanzânia, Camboja e nas Filipinas.

Jacques Diouf director geral da FAO (Food and Agriculture Organization, Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) vê neste fenómeno 1 pacto neo-colonial, através da concorrência desenfreada pela terra e pela água. Esta apropriação fundiária explica-se pela volatilidade das cotações dos géneros alimentícios, desde há 3 anos. Enquanto o preço dos produtos básicos mais do que duplicou, devido às más colheitas e ao aumento da procura, estalaram vários motins em dezenas de países pobres, mais vulneráveis às variações dos preços. Muitos países estão apavorados com a segurança alimentar e estão a subcontratar a produção externa e, depois, a repatriá-la.

A Arábia Saudita negociou com a Tanzânia o aluguer de 500 000 hectares de terra arável para cultivar arroz e trigo. O Congo negociou dez milhões de hectares com a África do Sul para o mesmo efeito. Sociedades agrícolas indianas, sociedades de investimento britânicas e dos EUA, empresas chinesas e coreanas efectuam negociações sobre a cedência de milhões de hectares de terra arável para alimentar as suas populações famintas.

Evidentemente, estes acordos não são benéficos para todos, levando recentemente à destituição do presidente de Madagáscar, pela população enfurecida com a alienação compulsiva das suas terras ancestrais a 1 mega projecto agrícola sul coreano.

Teoricamente, estes contratos bilaterais poderiam ser bons para ambos os lados. Os novos proprietários poderiam trazer capitais e conhecimentos técnicos a partilhar com os agricultores locais. Mas os peritos sublinham que estes contratos são apenas vantajosos para os países investidores, deixando o investimento em infra-estruturas e a gestão sustentável dos recursos naturais às boas intenções do investidor.

Esta alienação abusiva dos solos aráveis representa uma séria ameaça para os países mais pobres em dificuldades crónicas. Os agricultores locais correm o risco de ser expulsos se o governo se deixar tentar pelo dinheiro fácil com a venda ou o arrendamento muito prolongado das melhores terras aráveis.

Algumas ONG’s (Organizações Não Governamentais) e a própria FAO inquietam-se, ao constatarem ser comum os camponeses serem arbitrariamente privados dos seus recursos. Estão muito desprotegidos, dado não disporem de escrituras das terras nem autorização formal para as explorarem e, muito menos, recursos para se queixar em tribunal.

Privar as populações do acesso às terras mais férteis agravará ainda mais a fome. E a competição intensificar-se-á pelo mais raro dos recursos: a água!

Para dúvidas, sugestões ou comentários, não hesite em utilizar o endereço de correio electrónico usp@csbarcelinhos.min-saude.pt.

Nota: Elaborado por António Afonseca, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Ecologia - Poluição Ambiental

As culturas transgénicas significam um aumento sem precedentes da utilização de produtos agrotóxicos (herbicidas e outros pesticidas). É a conclusão expressa no relatório Impacto das colheitas geneticamente modificadas no uso dos pesticidas: os primeiros 13 anos, publicado pelo investigador Charles Benbrook no final de 2009 (www.organic-center.org).

Os agrotóxicos são um importante factor de danos ambientais (para a água, solos, flora e fauna) e para a saúde humana. Muitos são disruptores endócrinos (afectam o equilíbrio hormonal, com incidência na fertilidade), podendo também afectar o sistema nervoso ou até o sistema imunitário. Comprovou-se que os alimentos elaborados a partir de culturas transgénicas contêm até 200 vezes mais resíduos de agrotóxicos. Estes são aplicados, sobretudo, na sementeira. Grande parte do aumento verificado no relatório deve-se às culturas transgénicas tolerantes a herbicidas, principalmente o glifosato, que nestes últimos 13 anos passou a ser o veneno mais utilizado na história da agricultura.

Isto verificou-se porque surgiram ervas invasoras resistentes aos herbicidas. Tal como os antibióticos, podem ter um efeito perverso nas bactérias, a utilização desregrada dos agrotóxicos gera cada vez maior imunidade nos organismos que tenta combater. O glifosato já é tolerado, no mínimo, por 9 infestantes diferentes, dos quais, o pior, em grandes áreas do sul dos EUA, é o amaranto resistente a agrotóxicos.

Para enfrentar a resistência das infestantes, os agricultores empregam doses cada vez maiores de glifosato e até de outros tóxicos que tinham sido postos de parte pelo perigo que acarretavam, proibidos em alguns países, como a atrazina, o paraquat e o 2,4 – D. Este último é um dos componentes do Agente Laranja, uma arma química usada pelos EUA na guerra do Vietname, desenvolvida pela multinacional Monsanto, que é também a maior empresa de transgénicos agrícolas do mundo.

O glifosato começou por ser descrito como inócuo. Nunca o foi. A Monsanto foi multada por publicidade enganosa, ao dizer que era menos tóxico do que os outros herbicidas.

Devido à generalização das culturas transgénicas, a concentração do glifosato aumentou exponencialmente. O impacto efectivo chega a superar o de herbicidas classificados como mais perigosos. Acresce que, perante a constatação da perda de eficácia no terreno, os fabricantes aumentam o teor do princípio activo nas fórmulas e juntam outras substâncias para reforçar a acção do glifosato, com maiores impactos ambientais negativos.

As empresas enfrentam o problema da resistência das plantas daninhas com mais do mesmo: criando novos transgénicos que confiram resistência a aplicações simultâneas de vários agrotóxicos, incorporando várias estirpes da toxina Bt para tornar as novas plantas insecticidas. O agrupamento de genes é muito lucrativo para as empresas, mas multiplica os riscos de contaminação do ambiente e contaminação genética de outras culturas. Sem falar dos riscos do consumo dos alimentos, tanto pela presença de novos elementos como pelas sinergias que se possam gerar entre eles. Um dos piores exemplos deste tipo é o milho SmartStax da Monsanto, com 8 características transgénicas agrupadas!

Há cada vez mais estudos científicos que derrubam os mitos acerca dos transgénicos que as multinacionais nos querem impingir sem escrúpulos, revelando que os transgénicos precisam de mais venenos para crescer e contaminam muito mais o ambiente do que os demais, acarretando riscos graves para a saúde.

Há que pôr termo, em definitivo, a estas experiências descontroladas em grande escala que nos envenenam e destroem.

Nota: Elaborado por António Afonseca, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado no "Jornal de Barcelos", edição de 09/06/2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

5 de Junho - DIA MUNDIAL DO AMBIENTE

Quando a última árvore tiver caído,

Quando o último rio tiver secado,

Quando o último peixe for pescado,

Vocês vão entender que o dinheiro não se come.

(Greenpeace)


Todos os nossos gestos afectam o ambiente em que vivemos. De facto, a palavra ambiente pode ser definida como o que envolve ou está à roda de alguma coisa ou pessoa. Será lógico pensar que, se nossos gestos influenciam o ambiente que nos rodeia, também o ambiente nos afecta e talvez mais do que aquilo que pensamos. Quem nunca sentiu uma sensação de paz quando faz uma caminhada numa floresta? Quem nunca sentiu uma sensação de felicidade quando passa um dia na praia? Quem nunca sentiu tristeza quando viu uma floresta queimada? Quem nunca sentiu uma sensação de impotência quando passa por um rio poluído? Não sentei? Então não anda a prestar atenção…

E, no entanto, e apesar disso, todos os dias pensamos mais em como poupar ou ganhar dinheiro do que em melhorar o meio ambiente. Pergunto eu, será mais importante? Talvez as duas coisas se possam complementar. E quem sabe, protegendo o ambiente, podemos poupar dinheiro e até melhorar a nossa saúde. Quer um exemplo? Segundo o Portal da Saúde (www.portaldasaude.pt), estima-se que doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) afecte, em Portugal, cerca de 5,3 % da população (cerca de 500 mil portugueses). O tabagismo é o maior culpado. Não teria lógica que em vez de libertar fumos tóxicos, que intoxicam os fumadores, não fumadores e ambiente em geral, os fumadores parassem de fumar e assim poupassem milhares de euros a si próprios, a todos nós (porque os tratamentos à DPOC são comparticipados por todos os portugueses, com os nossos impostos) e contribuíssem para a melhoria do ambiente de todos? E tudo isso, só eliminando um (mau) hábito…

Mas talvez, se prestarmos atenção, haja outros hábitos que, se forem alterados, trazem vantagens para todos. Por exemplo:

  • Utilizar as máquinas de lavar loiça ou roupa apenas quando estiverem completamente cheias.

  •  Tomar duche em vez de banho de imersão. 

  • Sempre que possível, compre embalagens de maior formato e coloque na reciclagem os materiais que embalem os produtos.

  • Comprar electrodomésticos que pertençam à classe de eficiência A.

  • Desligar os aparelhos que se estão a utilizar e não os manter em “stand-by”.

  • Alinhe frequentemente a direcção do seu carro e mantenha os pneus em bom estado e com a pressão de ar correcta. Se o fizer, diminui o consumo de combustível e por isso diminui a emissão de fumo.

  • Encoraje o envio de documentos por correio electrónico. Quando for necessário a impressão em papel, utilize ambos os lados e utilize papel antigo como rascunho.

  • Ter plantas nos locais de trabalho, melhora a qualidade do ar, pois elas produzem oxigénio e destroem dióxido de carbono.

  • Faça reciclagem de embalagens, e não se esqueça de preferir pilhas recarregáveis e tinteiros reciclados.

  • No Dia Mundial do Ambiente, faça com que cada um escreva num papel uma maneira para ajudar o Planeta. Publique as ideias e implemente as que forem possíveis.

  • Faça um concurso para verificar a quantidade de lixo que cada turma produz após o almoço ou para verificar a quantidade de resíduos que cada turma consegue reciclar. Mantenha um gráfico actualizado para verificar qual a turma que menos lixo produz ou que mais recicla.

  • Realize uma auditoria energética e verifique se não é possível aplicar lâmpadas mais económicas, diminuir consumos ou substituir aparelhos por outros mais económicos.


Nota: Elaborado por Paulo Martins, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado no Jornal de Barcelos de 02/06/2010.