As culturas transgénicas significam um aumento sem precedentes da utilização de produtos agrotóxicos (herbicidas e outros pesticidas). É a conclusão expressa no relatório Impacto das colheitas geneticamente modificadas no uso dos pesticidas: os primeiros 13 anos, publicado pelo investigador Charles Benbrook no final de 2009 (www.organic-center.org).
Os agrotóxicos são um importante factor de danos ambientais (para a água, solos, flora e fauna) e para a saúde humana. Muitos são disruptores endócrinos (afectam o equilíbrio hormonal, com incidência na fertilidade), podendo também afectar o sistema nervoso ou até o sistema imunitário. Comprovou-se que os alimentos elaborados a partir de culturas transgénicas contêm até 200 vezes mais resíduos de agrotóxicos. Estes são aplicados, sobretudo, na sementeira. Grande parte do aumento verificado no relatório deve-se às culturas transgénicas tolerantes a herbicidas, principalmente o glifosato, que nestes últimos 13 anos passou a ser o veneno mais utilizado na história da agricultura.
Isto verificou-se porque surgiram ervas invasoras resistentes aos herbicidas. Tal como os antibióticos, podem ter um efeito perverso nas bactérias, a utilização desregrada dos agrotóxicos gera cada vez maior imunidade nos organismos que tenta combater. O glifosato já é tolerado, no mínimo, por 9 infestantes diferentes, dos quais, o pior, em grandes áreas do sul dos EUA, é o amaranto resistente a agrotóxicos.
Para enfrentar a resistência das infestantes, os agricultores empregam doses cada vez maiores de glifosato e até de outros tóxicos que tinham sido postos de parte pelo perigo que acarretavam, proibidos em alguns países, como a atrazina, o paraquat e o 2,4 – D. Este último é um dos componentes do Agente Laranja, uma arma química usada pelos EUA na guerra do Vietname, desenvolvida pela multinacional Monsanto, que é também a maior empresa de transgénicos agrícolas do mundo.
O glifosato começou por ser descrito como inócuo. Nunca o foi. A Monsanto foi multada por publicidade enganosa, ao dizer que era menos tóxico do que os outros herbicidas.
Devido à generalização das culturas transgénicas, a concentração do glifosato aumentou exponencialmente. O impacto efectivo chega a superar o de herbicidas classificados como mais perigosos. Acresce que, perante a constatação da perda de eficácia no terreno, os fabricantes aumentam o teor do princípio activo nas fórmulas e juntam outras substâncias para reforçar a acção do glifosato, com maiores impactos ambientais negativos.
As empresas enfrentam o problema da resistência das plantas daninhas com mais do mesmo: criando novos transgénicos que confiram resistência a aplicações simultâneas de vários agrotóxicos, incorporando várias estirpes da toxina Bt para tornar as novas plantas insecticidas. O agrupamento de genes é muito lucrativo para as empresas, mas multiplica os riscos de contaminação do ambiente e contaminação genética de outras culturas. Sem falar dos riscos do consumo dos alimentos, tanto pela presença de novos elementos como pelas sinergias que se possam gerar entre eles. Um dos piores exemplos deste tipo é o milho SmartStax da Monsanto, com 8 características transgénicas agrupadas!
Há cada vez mais estudos científicos que derrubam os mitos acerca dos transgénicos que as multinacionais nos querem impingir sem escrúpulos, revelando que os transgénicos precisam de mais venenos para crescer e contaminam muito mais o ambiente do que os demais, acarretando riscos graves para a saúde.
Há que pôr termo, em definitivo, a estas experiências descontroladas em grande escala que nos envenenam e destroem.

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