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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

O que fazer com as agulhas e seringas usadas para a diabetes

O problema é tão antigo como a doença. As agulhas e seringas usadas para a diabetes na casa de cada um não têm um tratamento próprio e acabam no lixo comum em aterros. Tendo em conta que a diabetes é uma patologia que afecta 13,3 % da população portuguesa, e embora nem todos os doentes façam esta terapêutica, existem "cerca de 650 mil unidades por dia que não têm destino correcto para onde ser reencaminhadas", refere a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP).

Os prestadores de saúde, públicos ou privados (hospital, centros de saúde, clínicas particulares, consultórios dentários, etc.), possuem sistemas de recolha de resíduos hospitalares, onde se incluem as agulhas e seringas usadas. Estes são recolhidos em contentores devidamente identificados e transportados para incineradoras adequadas.

O problema coloca-se quanto à solução a dar às agulhas e seringas usadas em casa. Enquanto a nível central não se tomam decisões para resolver este problema, as farmácias não aceitam estes resíduos, nem o Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) do Cávado III - Barcelos/Esposende ou o Município de Barcelos ou Esposende.

Há, no entanto, quem não tente tapar o sol com a peneira e procure encontrar soluções para o problema. É o caso do Município de S. João da Madeira que começou em maio deste ano a distribuir mini contentores para recolha de agulhas, lancetas e seringas de administração de insulina. Depois de feita a recolha, o município responsabiliza-se por eliminar os materiais de forma responsável e ambientalmente segura.

Mas afinal qual é o risco das agulhas, lancetas e seringas de administração de insulina irem misturadas no lixo comum?

Além do risco de picadas e corte que existem para os trabalhadores responsáveis pela recolha dos resíduos sólidos urbanos, ainda é preciso ter em conta que estes poderão ficar contaminados com vírus presentes nestes resíduos, bem como, ao serem encaminhados misturados com os resíduos comuns, as agulhas, lancetas e seringas, acabarem depositados em aterros sanitários, com a possibilidade de serem arrastados pelas chuvas até cursos de água (em Viana do Castelo, por exemplo, em apenas quatro actividades de monitorização foram recolhidos mais de duzentos quilogramas de lixo nas suas praias. “Os resíduos vão desde vassouras a molas da roupa, peças de fogo-de-artifício, seringas, tampões auriculares, frascos para análises clínicas, cotonetes e fitas de identificação de hospitais”, revelou em outubro de 2018 o Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental do município).

Cabe-nos a todos, enquanto cidadãos, exigir junto das Juntas de Freguesia e Município que seja resolvido este problema, encontrando soluções como as que o Município de S. João da Madeira teve a iniciativa de encontrar. 

Até lá, aconselham-se as pessoas a colocarem estes resíduos dentro de uma garrafa de 1,5 litros de água vazia antes de colocar no lixo comum. 

Nota: Elaborado por Paulo Martins, Técnico de Saúde Ambiental. Imagem retirada da biblioteca de imagens Getty Images.

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