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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A fome e o bem-estar

Num país onde cerca de metade da população adulta tem excesso de peso e desta um terço é obesa, fala-se muito de dietas para emagrecer. Comer não é só a introdução de alimentos no nosso organismo para permitir a nossa sobrevivência, mas a este acto associa-se também todo um conjunto de hábitos, manias e até fobias. Podem-se ingerir refeições ligeiras e sem sacrifício e com bastante sabor. O nosso corpo quando tem fome produz mais insulina e digere tudo o que lhe damos, por isso devemos comer em pequenas porções, e, sempre antes de qualquer exercício físico ou intelectual, altura em que consumimos mais açúcar.


Para emagrecer e manter uma estabilidade ponderal, é essencial ter uma atitude saudável perante a alimentação. Num primeiro momento devem rejeitar-se as dietas, assumindo a imagem do próprio corpo. Dizer não ao (pre) conceito que associa a perda de peso à restrição da ingestão de hidratos de carbono e prática de exercício físico para atingir a imagem ideal do corpo. Segundo Madalena Nunoz, nutricionista, “ fazer dietas ensina o corpo a reter mais gordura quando volta a comer, diminui o ritmo de emagrecimento e do metabolismo, aumenta as crises de voracidade alimentar e o desejo de comida, atrofia os sinais internos reguladores da saciedade, pode causar distúrbios alimentares, baixa de auto-estima e ansiedade social”.

Reflectindo um pouco, compreende-se que o bem-estar pessoal não se encontra ao atingir a imagem ideal do corpo, mas no caminho que se percorre até lá. Bem-estar que se atinge no prazer de nos sentirmos mais fortes, ágeis e sensuais por praticarmos exercício físico e por comermos melhor, motivados por atingir um patamar de saúde, escolhido por nós próprios e não por tendências. Por exemplo se calçamos um número 39 não devemos usar um 37.

O ideal será fazer escolhas alimentares que respeitem a saúde e o nosso corpo, lidando com as emoções sem comida, através do exercício físico. Quando se come em excesso, deve-se reflectir acerca do problema de base, ou seja, quais os motivos que conduzem a uma excessiva ingestão de alimentos, associada a uma frequência também exagerada mesmo não existindo fome fisiológica. O problema encontra-se, muitas vezes, numa má gestão de afectos e sentimentos, o que deve ser resolvido. Deve, neste momento, procurar-se uma outra forma de resolver os problemas, ou seja, não comer para compensar fragilidades emocionais, que se expressam através da fome psicológica, nunca saciada, resultando sempre num excesso alimentar.

Para dúvidas, sugestões ou comentários, não hesite em utilizar o endereço de correio electrónico usp@csbarcelinhos.min-saude.pt.

Nota: Elaborado por Luísa Dantas, Enfermeira de Saúde Pública da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende


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