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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Amianto em saúde ambiental

Considerado pela indústria um produto de grande importância, devido às suas propriedades, como o isolamento térmico, a durabilidade e a flexibilidade, além de ser de difícil combustão e, principalmente, de baixo custo, o amianto ainda é largamente utilizado em Portugal.

Essas características, no entanto, escondem o facto de que o uso do crisótilo (mineral que lhe dá origem) é capaz de provocar diversas doenças respiratórias graves, podendo chegar ao cancro e à morte.

O amianto, também conhecido como asbesto, é reconhecido internacionalmente como uma substância cancerígena. Proibido pela Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), há registos desde a década de 80 dos primeiros trabalhadores adoecidos por exposição ao cancerígeno. Quando inalado ou ingerido, causa cancro de pulmão e outras doenças associadas ao tecido pulmonar.

Outra doença provocada pelo uso do amianto é conhecida por especialistas como Mesotelioma de Pleura – que é o tecido que reveste o pulmão –, um tumor maligno que mata em até dois anos após a confirmação do diagnóstico.

Dois estudos publicados na revista Inhalation Toxicology de Novembro e Dezembro de 2003, encomendados pela EPA-Environmental Protection Agency (EUA) ao grupo de trabalho Eastern Research Group, Lexington, MA sobre a fibra de crisótilo do Canadá e dos EUA, e um outro estudo não publicado sobre fibra do Brasil permitiram concluir que:

  • "A diferença entre os efeitos para a saúde do crisótilo e das anfíbolas (crocidolite e amosite) é tão importante que se torna necessário abandonar o termo "amianto" quando nos referimos às questões toxicológicas ou epidemiológicas";

  • "O crisótilo situa-se entre as fibras industriais menos nocivas para a saúde. É de admitir que se esta fibra tivesse sido sempre utilizada num ambiente controlado e sem ter sido misturada com anfíbolas, as consequências para a saúde humana seriam virtualmente nulas";

  • "As fibras de crisótilo testadas (Brasil, Canadá e EUA) mostram uma fraquíssima biopersistência e não produzem nenhum sinal de patologia.

Há em Portugal cerca de 600 mil edifícios, entre estes centenas de escolas, com coberturas de telhas de fibra de cimento, material que contém na sua composição entre dez a 15 por cento de amianto, um mineral cancerígeno totalmente proibido desde 2005, divulgou recentemente Maria do Carmo Proença, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Centenas de milhares de mortes por doenças pulmonares, causadas pela exposição ao pó do amianto e de outras substâncias perigosas, são trágicas porque poderiam ser evitadas. Se os governos, os empregadores e os trabalhadores adoptarem as medidas adequadas, a situação pode ser muito diferente.

A OIT proporciona um quadro de acção normativa neste domínio, assim como informação e formação práticas.
Para dúvidas, sugestões ou comentários, não hesite em utilizar o endereço de correio electrónico usp@csbarcelinhos.min-saude.pt.
   
Elaborado por: Isabel Miranda, Técnica de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado no Jornal de Barcelos a 07/07/2010.

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