A Leptospira é uma bactéria responsável pela leptospirose, doença transmissível que afecta mamíferos, incluindo o Homem. A leptospirose foi descrita pela primeira vez em 1883, como doença ocupacional em trabalhadores de esgotos, pelo patologista alemão Adolf Weil (em sua homenagem, a leptospirose também é conhecida como “mal de Weil” ou “síndroma de Weil”).
A transmissão da Leptospira ocorre quando há água, e, por isso, podemos afirmar que esta doença se transmite mais facilmente em época de chuvas intensas, principalmente em alturas em que se acumula alguma quantidade de água nos solos.
Os casos de animais que contraem a bactéria ocorrem quando os animais ingerem um outro animal infectado com a Leptospira ou quando entram em contacto com urina contaminada ainda líquida. Depois de excretada pela urina dos animais, a Leptospira poderá sobreviver no meio ambiente durante semanas, principalmente se esse meio for rico em água. Por exemplo, no mês de Janeiro e inicio de Fevereiro registaram-se chuvas intensas que levaram a que, em determinadas zonas de pastagem mais planas, se tenham acumulado grandes quantidades de água à superfície promovendo a saída de ratos existentes na terra, respectivas fezes e urina, que favorecem a multiplicação da Leptospira. Quando os ruminantes ingerem pastagem mistura com urina, ficam contaminados com a bactéria. Outro exemplo da transmissão da doença poderá ocorrer quando um cão, logo pela manhã, no quintal ou no jardim, cheira o rasto de um rato e lambe um pouco de urina do roedor, ficando, assim, contaminado com a doença.
Nos humanos o período de incubação é normalmente de 5 a 18 dias, podendo a contaminação ocorrer: através do contacto directo com o sangue, urina ou com animais contaminados; através do contacto com a água e/ou solo húmido; ou através do contacto com águas residuais. Não há registo de casos de transmissão da doença de uma pessoa infectada para outra. Os sintomas da doença podem incluir febre alta, fortes dores de cabeça, mal-estar, falta de forças, dores musculares, diarreias, vómitos, bem como icterícia ou olhos congestionados. Em casos graves, poderá levar a presença de sangue na urina ou nas fezes e a complicações renais e hepáticas ou meningite.
Na prevenção desta doença, podem ser seguidas as seguintes medidas de prevenção:
- Vacinação anual dos animais mais expostos;
- Drenagem de águas paradas e limpeza de terrenos baldios;
- Consumir apenas água devidamente tratada, evitando utilizar águas de poços não tratadas ou fontanários com água imprópria, não tratada ou não vigiada;
- Evitar ou eliminar restos de comida que possam atrair ratos e fechar hermeticamente os baldes de lixo;
- Tapar os buracos entre telhas, paredes ou rodapés;
- Realização de operações de controlo de parasitas (ratos, baratas, etc.);
- Utilização de luvas ao lidar com animais suspeitos de terem contraído a doença;
- Não nadar ou lavar roupa em águas suspeitas de contaminação;
- Os trabalhadores de limpeza de esgotos, trabalhadores de terrenos de lavoura irrigados, trabalhadores que lidem com rações de animais ou pessoas realizando jardinagem, deverão utilizar botas e luvas de protecção;
- Lavagem adequada e frequente das mãos, principalmente depois de haver contacto com terra, água ou animais ou antes de confeccionar alimentos ou de ingerir alimentos.
Nota: Elaborado por Paulo Martins, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública de Barcelos/Esposende e publicado no "Jornal de Barcelos" de 03/03/2010.
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