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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Tuberculose, inimigo invisível

Em 1882, Robert Koch descobriu o microorganismo responsável pela tuberculose, que posteriormente veio a ser denominado de bacilo de Koch. Embora o bacilo tenha sido identificado no século XIX, só no século XX é que foi descoberto um microorganismo capaz de resistir e prevenir a doença, o bacilo de Calmette e Guerin (BCG). Este foi identificado em 1913, por Albert Calmette e Camile Guerin, tendo sido um importante passo para a prevenção da tuberculose. A doença permaneceu incurável até à altura em que foi descoberta a estreptomicina. A partir de então tornou-se possível utilizar antibacilares que quando associados permitiam a cura de quase todos os casos.


A evolução no controlo da tuberculose foi positiva até aos anos 80, altura em que sofreu um retrocesso, devido a dois factores que enfraqueceram as nossas armas terapêuticas contra a tuberculose. Em primeiro lugar, muitos dos doentes não levavam até ao fim o tratamento com antibióticos. Em segundo lugar, o aparecimento da epidemia global de VIH/SIDA enfraqueceu o sistema imunitário de milhões de pessoas em todo o mundo. Como resultado, a tuberculose teve oportunidade de desenvolver resistência a medicamentos, o que aconteceu com uma rapidez alarmante. Hoje, associados a estes dois factores acresce ainda a toxicodependência, a reclusão, o envelhecimento da população, a grande desigualdade social e os movimentos migratórios.

Actualmente, com os avanços científicos e tecnológicos, aliado um tratamento eficaz, tornou-se possível controlar a doença. No entanto, a tuberculose continua a ser um problema grave a nível mundial, matando cerca de 3 milhões de pessoas a cada ano. A tuberculose está entre as três doenças contagiosas mais mortais, depois do VIH e da malária. Uma epidemia que mata cinco pessoas por minuto, em cada segundo uma pessoa no mundo é infectada com o bacilo da tuberculose. A Organização Mundial de Saúde, estima que um terço da população mundial – cerca de dois biliões de pessoas – esteja infectado com a bactéria da tuberculose (Mycobacterium Tuberculosis).

Em Portugal, esta doença, ainda mata, sendo a incidência da tuberculose ainda muito alta, superior à maioria dos países com o nosso desenvolvimento económico. Continuam a haver assimetrias regionais, embora menos acentuadas. Doze dos distritos e as Regiões Autónomas são de baixa incidência (< 20/100.000 habitantes, aproximando-se da média europeia de 17,7) e seis de média incidência. As maiores incidências encontram-se no Porto, Lisboa, Setúbal e Faro. O relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias revela que no ano passado foram notificados, em média, 34 novos casos de tuberculose por cada 100 mil habitantes. O valor é inferior ao registado nas últimas décadas, mas a incidência continua acima da média da União Europeia. A incidência da tuberculose em Portugal tem vindo a cair de forma consistente. A queda média, na última década é de 7,2% ao ano-dados do Observatório. A tuberculose está a ressurgir em zonas onde se pensava encontrar sob controlo e agora cada vez mais resistente aos medicamentos. Estima-se que até 2020, se não forem tomadas medidas eficazes, aproximadamente 1000 milhões de pessoas sejam infectadas, cerca de 150 milhões de pessoas irão desenvolver a doença e 36 milhões irão morrer de tuberculose.

Nota: Elaborado por Fátima Pereira, Enfermeira de Saúde Comunitária da Unidade de Saúde Pública de Barcelos/Esposende, e publicado no "Jornal de Barcelos" a 17/02/2010.


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