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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O assassino silencioso

No dia 10/01/2010, um casal de idosos foi encontrado morto, aparentemente devido a uma intoxicação por monóxido de carbono libertado pela queima de lenha numa lareira improvisada. Ano após ano, temos conhecimento de vários casos trágicos devido a intoxicação por monóxido de carbono. Em média, em Portugal, morrem 30 pessoas por ano vítimas desse tipo de acidente.

O monóxido de carbono (CO) é um gás muito tóxico, que se mistura facilmente com o ar de uma habitação, penetrando no organismo através da respiração, dificultando o transporte do oxigénio para os tecidos. Por não ter cheiro, sabor ou cor, as pessoas não têm consciência da presença desse gás, sentindo, de início, tonturas, fortes dores de cabeça e náuseas, podendo as vítimas, caso a concentração de CO aumente, desmaiar ou morrer em questão de minutos.

Muitos aparelhos que usamos no dia-a-dia funcionam com base em combustíveis sólidos (lenha, carvão), líquidos (gasóleo) ou gasosos (gás natural, gás propano ou butano), cuja queima pode ser fonte de CO.

Desta forma, deve prestar-se especial atenção ao funcionamento de quaisquer aparelhos que queimem combustíveis, instalados em espaços interiores, tais como: Caldeiras a lenha, carvão, gás ou gasóleo; Esquentadores a gás; Salamandras a lenha ou carvão; Fogões a lenha, carvão ou gás; Braseiras a carvão; ou Automóveis em funcionamento em garagens.

Para prevenir concentrações elevadas de CO, devem ser seguidas as seguintes recomendações:

• Não compre aparelhos que não tenham marcação CE.

• Os aparelhos de queima só devem ser instalados por entidades reconhecidas pela Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG). Quando tiver dúvidas sobre a sua rede de gás, solicite uma inspecção à instalação a alguma destas entidades, devendo proceder-se a inspecções frequentes à instalação de gás.

• Mantenha a sua habitação arejada e nunca obstrua as entradas de ar.

• Promova a limpeza de condutas de exaustão e de chaminés uma vez por ano.

• Não mantenha em funcionamento o motor do automóvel dentro de uma garagem fechada, porque a quantidade de CO libertado pode tornar-se perigosa.

• Proceda à limpeza regular dos queimadores dos fogões a gás: se eles estiverem obstruídos, a mistura ar-gás não se efectua nas melhores condições, originando maior produção de CO. Para verificar se o fogão a gás está a funcionar correctamente, existe um método simples: se a chama for de cor amarela ou alaranjada, a combustão não está a ser completa (maior formação de CO); se for azul, não há problema (uma chama “bem regulada” não provoca o enegrecimento do fundo das panelas).

No caso de acidente/intoxicação, deverá proceder da seguinte forma:

• Areje imediatamente o local, abrindo portas e janelas;

• Se possível, desligue todos os aparelhos de combustão (esquentadores, caldeiras, aquecedores móveis a gás ou petróleo) ou apague lareiras, braseiras, salamandras ou outras fontes de CO.

• Abandone o local e evacue a vítima para fora da atmosfera tóxica, o mais rapidamente possível, e coloque-a deitada em repouso.

• Chame os serviços de emergência (112).

• Contacte uma entidade reconhecida pela Direcção Geral de Energia e Geologia(DGEG) para a resolução do problema.

Nota: Elaborado por Paulo Martins, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado a 27/01/2010 no Jornal "A Voz do Minho"

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