Com
origem no Sudeste Asiático, o "Aedes albopictus" tem vindo a
disseminar-se globalmente através do transporte passivo de ovos.
Uma
espécie de mosquito transmissor do vírus da febre dengue foi detetada no
Algarve no ano passado, mas sem transportar o vírus, disse esta segunda-feira à
Lusa a coordenadora da Rede de Vigilância de Vetores (REVIVE).
A
espécie invasora de mosquito "Aedes albopictus" foi detetada pela
primeira em setembro de 2017 numa fábrica de pneus no norte do país, o que
desencadeou uma resposta de vigilância por parte das autoridades de saúde
pública a nível local, regional e nacional.
No
ano passado, a mesma espécie foi detetada no Algarve "em zonas com menos
de cinco quilómetros quadrados, em zonas muito pontuais, desconhecendo-se ainda
com precisão como foi a sua introdução", disse a coordenadora do REVIVE,
Maria João Alves.
"Detetámos
alguns espécimes de mosquitos, foram todos testados para presença de vírus e
não estão infetados e não estão a transmitir agentes infecciosos",
salientou.
Maria
João Alves explicou que esta espécie de mosquito não é o vetor primário de
vírus como o dengue, zika, febre amarela e Chikungunya, mas é um vetor
secundário.
"Não
é tão eficaz (na transmissão do vírus) como o mosquito que existe nas zonas
tropicais, da espécie "Aedes aegypti", mas pode substituí-lo",
disse a coordenadora da rede, que desde 2008 faz a vigilância de mosquitos e de
carraças em todo o país para saber onde estão as espécies, se há novas
introduções e se estão infetados com agentes patogénicos.
Desde
que foi detetada a presença do "Aedes albopictus", foi reestruturado
o plano de vigilância para cada uma das regiões, incluindo o alargamento do
período de vigilância ao ano inteiro.
Com
origem no Sudeste Asiático, o "Aedes albopictus" tem vindo a
disseminar-se globalmente através do transporte passivo de ovos através de
atividades comerciais, nomeadamente o comércio global de pneus usados e plantas
ornamentais.
Este
mosquito também faz "refeições de sangue" no homem e pode, por
exemplo, entrar dentro de um carro em Espanha e picar as pessoas durante a
viagem. Quando as pessoas chegam ao destino, o mosquito sai e pode instalar-se
nessa região, explicou.
Existe
"o risco de o caminho que o mosquito fez para ser introduzido na região
Norte ou na região Sul poder ser repetido", disse Maria João Alves.
Para
a coordenadora do REVIVE, o que é importante é haver uma deteção precoce:
"Não vamos evitar que ele entre, mas se o detetarmos atempadamente dá-nos
capacidade de resposta e nisso Portugal tem sido pioneiro com vigilância a
nível nacional".
Este
ano, a vigilância já foi feita em 217 concelhos, salientou.
O
relatório 2018 da REVIVE, coordenada pelo Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge (INSA), refere que a presença do mosquito na região norte e no
Algarve representa "uma situação de risco acrescido para a saúde pública e
exige um esforço de monitorização constante, bem como medidas de controlo
eficazes com vista à erradicação da população detetada e que impeçam a
dispersão deste mosquito para outras regiões".
Na
Europa, a primeira deteção deste mosquito ocorreu na Albânia em 1979 e
atualmente encontra-se em dispersão em vários países europeus.
Recorde que o REVIVE é um programa que é executado pela Unidade de Saúde Pública de Barcelos/Esposende.
Fonte: SIC Notícias e Direção-Geral da Saúde.
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