Investigadores
estimam que, em Portugal, surjam todos os anos mais de três mil casos de asma
nas crianças associada à poluição rodoviária. O estudo publicado na revista científica "The Lancet Planetary
Health" é o primeiro a quantificar o impacto da poluição do ar na doença
asmática pediátrica e foi realizado em 194 países.
De
acordo com o estudo, 92% dos novos casos de asma pediátrica têm origem em zonas
que já cumprem os limites de emissão deste gás.
Uma
conclusão que leva os investigadores a sugerir a revisão do teto definido pela
Organização Mundial de Saúde para a emissão de dióxido de azoto que tem nos
carros a gasóleo uma das principais fontes.
Em
todo o mundo, os investigadores concluem que, por ano, surgem quatro milhões de
novos casos de asma entre os jovens até 18 anos. Corresponde a cerca de 13% do
total de jovens, mas há zonas do globo onde a prevalência da doença é maior,
tal como os níveis de poluição detetados: o caso de oito cidades na China,
Moscovo e Seul. Por cá, os novos casos de asma entre os jovens chegam aos 40%.
A autora principal deste estudo, estima que, no caso de Portugal, todos os anos surjam 3200 novos casos de asma associados à poluição
rodoviária.
Para
esta estimativa os investigadores cruzaram os indicadores de poluição
ambiental, concentrações de dióxido de azoto e incidência de asma na população
com menos de 18 anos.
Na
leitura destes dados, a investigadora conclui que Portugal até é um dos casos
menos problemáticos.
O
que podem, afinal, os pais fazer para evitar que os filhos desenvolvam esta
doença? Os autores do estudo sugerem que sejam evitadas as zonas de maior
tráfego rodoviário, mas lembram que a resolução do problema vai muito além das
decisões individuais.
Rita
Gerardo, pneumologista no Hospital de Santa Marta e responsável na Sociedade
Portuguesa de Pneumologia confirma que estão a aparecer cada vez mais crianças,
mas também adultos com esta patologia.
A
especialista em asma explica que se pode associar o aparecimento de novos casos
à poluição do meio ambiente e não fica surpreendida com o resultado do estudo
agora conhecido.
"A
incidência da asma nas crianças tem vindo a aumentar. Atualmente, as sociedades
científicas relacionadas com a medicina respiratória dão cada vez mais
importância aos efeitos da poluição respiratória. Não fico admirada em relação
a este estudo", explicou Rita Gerardo.
Fonte: TSF e Direção-Geral da Saúde
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