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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Vírus do papiloma humano (HPV) e o cancro do colo do útero

O cancro do colo do útero continua a ser a segunda causa mais comum de cancro (depois do cancro da mama) entre as mulheres jovens (15-44 anos) na Europa. Portugal regista a maior incidência da doença entre os restantes países da União Europeia: cerca de 17 casos por cada 100 mil habitantes, com 900 novos casos por ano. Todos os anos morrem mais de 300 mulheres em Portugal com este tipo de cancro. Este é causado por determinados tipos do Vírus do Papiloma Humano (HPV). Existem mais de 100 tipos de HPV, dos quais cerca de 15 podem originar anomalias nas células do colo do útero, que podem evoluir para cancro do colo do útero. A maior parte das mulheres que contraem o HPV conseguem eliminá-lo no espaço de 6 a 24 meses sem sequer saberem que o tinham contraído. As infecções por HPV são muito comuns, estimando-se que mais de 70% das pessoas com uma vida sexual activa contraíram pelo menos uma infecção deste tipo. A esmagadora maioria das infecções é controlada pelo nosso sistema imunitário e quase inofensiva, mas cerca de 20% tornam-se crónicas e podem originar cancro, sobretudo se associadas a outros factores, como os genéticos ou adquiridos, como o tabagismo.

Como se trata de uma doença silenciosa, o rastreio deste tipo de cancro é fundamental, uma vez que, quando detectado no início, o tratamento pode ter uma taxa de sucesso de 100%. Temos de apelar ao rastreio, à prevenção, para que o despiste da doença seja rápido, permitindo actuar com eficácia no sentido da cura. A tendência poderá ser invertida com a vacina contra o HPV, mas não podemos baixar os braços na prevenção secundária, na fase adulta da mulher, através do exame citológico do colo do útero.

Encontra-se já disponível uma vacina que permite proteger as mulheres contra os 2 tipos mais comuns de HPV, os tipos 16 e 18, que são responsáveis por cerca de 2 terços dos cancros do colo do útero e por muitos resultados anormais em exames de citológicos. Estas vacinas terão a sua eficácia máxima se forem administradas antes de se ter contacto com o HPV 16 ou 18, (antes do inicio da vida sexual activa) mas não protegem de forma eficaz contra todos os tipos de HPV. Por esse motivo, mesmo que tenha sido vacinada, terá de se submeter ao rastreio. Em conjunto, o rastreio e a vacinação oferecem a protecção mais eficaz contra o cancro do colo do útero, temática que irei abordar em pormenor num próximo artigo.
Nota: Elaborado por Fátima Pereira, Enfermeira de Saúde Comunitária da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado no Jornal "A Voz do Minho", edição de 09/06/2010