No início do milénio, a 4 de fevereiro foi declarado o Dia
Mundial do Cancro. Tudo começou com seis especialistas em cancro que se
reuniram em Paris em 1999. Com a chegada iminente do ano 2000, o grupo decidiu
que o desafio global do cancro não seria esquecido no novo século. Juntos, os
seis líderes – os Dr. David Kayat, Peter
Harper, James F. Holland, Gabriel N.
Horobagyi, Lawrence H. Einhorn e Sandra Swain – redigiram uma Carta que descrevia
uma visão para abordar o impacto do câncer na “vida humana, no sofrimento
humano e na produtividade das nações”. A Carta destaca a necessidade de acesso
a cuidados de qualidade, financiamento para pesquisas sobre o cancro, maior
compreensão e, acima de tudo, respeito e dignidade para todas as pessoas que
vivem com a doença. O artigo final estabeleceu a ideia para um dia
internacional de consciencialização:
"Reconhecendo a declaração de todas as instituições
relevantes, de que o dia 4 de fevereiro será marcado como o 'Dia Mundial do
Cancro', para que a cada ano a Carta de Paris esteja no coração e na mente das
pessoas em todo o mundo.”
Este documento ficou conhecido como a Carta de Paris Contra
o Cancro. Em 4 de fevereiro de 2000, a Carta foi assinada pelo então presidente
da França, Jacques Chirac, e pelo então diretor geral da UNESCO, Kōichirō
Matsuura.
Os cancros podem ter sua causa em
fatores diferentes e, como muitas outras doenças, a maioria dos cancros é
resultado da exposição a vários fatores diferentes. É importante lembrar que,
embora alguns fatores não possam ser evitados, aproximadamente um terço dos
casos de cancro pode ser prevenido com a redução de riscos comportamentais e
alimentares.
Os fatores de risco que podem ser
modificados são:
- Álcool – Nunca foi tão forte a evidência de que o consumo de bebidas alcoólicas pode ser uma das causas de vários cancros. O álcool pode aumentar o risco de seis tipos de cancros: intestino (colo-retal), mama, boca, faringe e laringe (boca e garganta), esôfago, fígado e estômago [1]. Evidências sugerem que, em geral, quanto mais bebidas alcoólicas as pessoas consomem, maior é o risco de vários cancros, e que mesmo o consumo moderado de álcool aumenta o risco de cancro.
- Excesso de peso ou obesidade – O excesso de peso foi associado a um maior risco de desenvolver 12 cancros diferentes, inclusive cancro de intestino e pâncreas. Em geral, o maior ganho de peso, especialmente em adultos, está associado a maiores riscos de cancro.
- Dieta e nutrição – Especialistas consideram que dietas e a ingestão de certos alimentos, especialmente dietas ricas em carnes vermelhas, carnes processadas e alimentos com alto teor de sódio, e pobres em frutas e vegetais, têm impacto no risco de desenvolver certos cancros, particularmente colo-retal, de nasofaringe e estômago [2], [3], [4].
- Atividade física – A atividade física regular não ajuda apenas a reduzir o excesso de gordura corporal e os riscos de cancros associados a isso, mas ser fisicamente ativo pode ajudar a reduzir os riscos de desenvolver cancro de cólon, mama e endométrio [5].
- Tabaco – O fumo do tabaco contém pelo menos 80 substâncias diferentes que causam cancro (agentes carcinogéneos). Quando o fumo é inalado, as substâncias químicas entram nos pulmões, passam pelo fluxo sanguíneo e são transportadas por todo o corpo [6]. Por isso, fumar ou mascar tabaco não causa apenas cancro de pulmão e boca, mas também está relacionado com muitos outros cancros. Quanto mais uma pessoa fuma, quanto mais cedo começa e quanto mais tempo continua a fumar, maior é o risco de cancro. Atualmente, o uso de tabaco é responsável por aproximadamente 22% das mortes de cancro [7].
- Radiação ionizante – Fontes artificiais de radiação podem causar cancro e são um risco para trabalhadores. Elas incluem: rádon, raios x, raios gama e outras formas de radiação de alta energia [8]. A exposição prolongada e sem proteção à radiação ultravioleta do sol, lâmpadas/solário também podem causar melanoma e cancro de pele. Pessoas de pele clara, indivíduos com muitos sinais ou com histórico familiar de melanoma ou cancro de pele diferente do melanoma têm maior risco. Esclarece-se, porém, que pessoas de todos os tons de pele podem desenvolver cancro de pele, mesmo indivíduos com a pele mais morena [9].
- Perigos no local de trabalho – Algumas pessoas correm risco de exposição no seu local de trabalho a substâncias que poderão provocar cancro. Por exemplo, foi constatada maior incidência de cancro de bexiga do que o normal em funcionários da indústria química de tinturas. O amianto é uma causa de cancro bem conhecida, especialmente o cancro chamado mesotelioma, que mais comumente afeta o tecido que reveste os pulmões.
- Infeção – Agentes infeciosos são responsáveis por aproximadamente 2,2 milhões de mortes por cancro anualmente[10]. Isso não significa que os cancros possam ser contraídos como uma infeção; em vez disso, o vírus pode causar alterações nas células que as tornam mais propensas as se tornarem cancerosas.
- Aproximadamente 70% dos cancros de colo do útero são causados por infeções de papiloma vírus humano (HPV)[11], enquanto o cancro de fígado e linfoma não Hodgkin podem ser causados pelo vírus da hepatite B e C[12], e os linfomas estão relacionados ao vírus Epstein-Barr[13].
- No passado, as infecções bacterianas não eram consideradas agentes cancerígenos, mas estudos recentes mostraram que pessoas que têm infeção de Helicobacter pylori no estômago desenvolvem inflamação na parede do estômago, aumentando o risco de cancro de estômago.
[2] https://www.wcrf.org/dietandcancer/exposures/wholegrains-veg-fruit
[3] https://www.wcrf.org/dietandcancer/exposures/meat-fish-dairy
[4] https://www.wcrf.org/dietandcancer/exposures/preservation-processing
[5] https://www.wcrf.org/dietandcancer/exposures/physical-activity
[6] http://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/causes-of-cancer/smoking-and-cancer/how-smoking-causes-cancer
[7] http://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/cancer
[8] https://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/radiation
[9] https://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/sunlight
[10] http://www.thelancet.com/journals/langlo/article/ PIIS2214-109X(16)30143-7/abstract
[11] http://www.who.int/fr/news-room/fact-sheets/detail/human-papillomavirus-(hpv)-and-cervical-cancer
[12] http://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/causes-of-cancer/infections-hpv-and-cancer/hepatitis-viruses-and-cancer
[13] http://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/causes-of-cancer/infections-hpv-and-cancer/ebv-and-cancer
Os fatores de risco que não podem
ser mudados ou evitados são:
- Idade – Muitos tipos de cancro tornam-se mais comuns com a idade. Quanto mais as pessoas vivem, mais exposição a agentes cancerígenos ocorre, e mais tempo para que alterações genéticas ou mutações ocorram nas células.
- Substâncias que causam cancro (agentes cancerígenos) – São substâncias que mudam a forma como uma célula se comporta, aumentando a probabilidade do cancro se desenvolver. Os genes são mensagens codificadas dentro de uma célula que dizem como ela deve se comportar. Mutações ou alterações nos genes, como danos ou perdas, podem mudar o comportamento da célula, aumentando a probabilidade de ela se tornar cancerosa [14].
- Genética – Algumas pessoas, infelizmente, nascem com elevado risco herdado geneticamente para um cancro específico (predisposição genética). Não quer dizer que essas pessoas vão desenvolver cancro de certeza absoluta, mas a predisposição genética torna a doença mais provável. Por exemplo, mulheres portadoras de genes de cancro de mama BRCA 1 e BRCA 2 têm maior predisposição para desenvolver essa forma de cancro do que mulheres com risco normal de cancro de mama. Entretanto, menos de 5% de todos os cancros de mama são devidos aos genes. Ou seja, embora as mulheres com um desses genes sejam individualmente mais suscetíveis a desenvolver cancro de mama, a maioria dos casos não é causado pela falha hereditária de alto risco no gene. Isso também se aplica a outros cancros comuns, para os quais algumas pessoas têm predisposição genética, por exemplo, o cancro de cólon (intestino grosso).
- O sistema imunológico – Pessoas com o sistema imunológico debilitado correm maior risco de desenvolver alguns tipos de cancro. Entre essas pessoas estão indivíduos que passaram por transplantes de órgãos e tomam remédios para inibir o sistema imunológico e impedir a rejeição do órgão, pessoas portadoras de HIV, AIDS ou de outras condições de saúde que reduzem a imunidade à doença.
[14] Carcinógenos conhecidos e
prováveis. Sociedade Americana de Cancro
https://www.cancer.org/cancer/cancer-causes/general-info/known-and-probable-human-carcinogens.html
[Acesso em 10.07.2018]
Para mais informações consulte aqui.
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