Os efeitos dos alimentos no
cérebro são tão profundos que alguns cientistas afirmam que a saúde mental de
muitos países pode estar relacionada com a alimentação tradicional. E um número
significativo de estudos inovadores sugerem a possibilidade de os efeitos dos
nutrientes na saúde do nosso cérebro poderem ser transmitidos a través de
gerações, por influenciarem eventos epigenéticos. Um consumo calórico global
excessivo e uma alimentação rica em gorduras saturadas, trans e sacarosa pode
afectar negativamente a cognição e danificar o cérebro, pelo stress oxidativo
ao que é submetida qualquer célula nervosa. Em geral uma alimentação
equilibrada, sem excessos calóricos, pobre em alimentos ricos em gorduras e
açúcares, parcimoniosa em carne, peixe e ovos, com inclusão de peixes gordos
pelo menos 2 vezes por semana, e rica em frutos, hortícolas, cereais integrais,
oleaginosas e sementes, com recurso a especiarias e ervas aromáticas, é com
certeza promotora da saúde do cérebro.
“Numa casa portuguesa fica bem
pão e vinho na mesa, ai que dona Amália se esquece de falar da água! Outros
tempos…” (retirado de O Saber Comer, Beber, Andar e Conversar em Boa Companhia)
O Saber Comer, Beber, Andar e Conversar em Boa Companhia é uma publicação
digital do Ministério da Saúde (Papinhas & Cantorias restaurante), que dá a
conhecer os dez princípios da dieta mediterrânica, fornece pautas para que a
alimentação seja protectora do meio ambiente e quais os princípios para não
abdicar da cultura e dos hábitos portugueses. Alguns dos principais erros
alimentares são o elevado consumo de sal, bebidas alcoólicas, gorduras, açúcar
e alimentos açucarados e reduzido consumo de alimentos ricos em fibras
(hortaliças, legumes e frutos), assim como não tomar o pequeno almoço ou saltar
as refeições.

Este estudo (com 91 homens com
transtorno de uso de álcool, 36 controlos masculinos saudáveis e 27 ratos com
alta preferência por álcool e 9 ratos controlo) encontrou alterações de substância
branca altamente semelhantes entre as espécies. Um padrão similar de progressão
na alteração do tensor de difusão foi encontrado em pacientes e ratos durante a
abstinência precoce (2-6 semanas). Os padrões reprodutíveis de alterações em
humanos e ratos sustentam uma associação com o álcool e a progressão das
alterações de tensor de difusão na abstinência inicial sugere um processo
subjacente que evolui logo após a cessação do uso de álcool.
Embora os efeitos prejudiciais do
álcool no cérebro sejam amplamente reconhecidos, as mudanças estruturais
observadas são altamente heterogêneas, e faltam marcadores diagnósticos para
caracterizar danos cerebrais induzidos pelo álcool, especialmente na
abstinência precoce. Essa heterogeneidade, provavelmente contribuída por
factores de co-morbilidade em pacientes com transtorno de uso de álcool (AUD),
desafia uma ligação directa das alterações cerebrais à fisiopatologia do abuso
de álcool. Estudos translacionais em modelos animais podem ajudar a colmatar
este hiato causal. A relevância deste estudo radica no uso de uma abordagem
translacional DTI, onde foram encontradas alterações comparáveis na substância
branca em pacientes com AUD e ratos com consumo prolongado de álcool. Em
humanos e ratos, uma progressão das alterações do DTI para a abstinência
precoce (2-6 semanas) sugere um processo subjacente que evolui logo após a
cessação do uso de álcool.
A análise incluiu 91 homens com
AUD (média idade, 46,1 anos) e 27 ratos machos nos grupos AUD e 36
controles masculinos (média idade, 41,7 anos) e 9 controles ratos
machos. Compararam-se as alterações DTI comparáveis entre os grupos álcool e
controle em ambas as espécies, com um envolvimento preferencial do corpo caloso
(anisotropia fraccionada Cohen d = -0,84 corrigida em humanos e
Cohen d = -1,17 corrigido em ratos) e o fórnix / fimbria
(anisotropia fracionária Cohen d = -0,92 corrigido em humanos ed
= -1,24 corrigido em ratos). Alterações no DTI foram associadas
com padrões de consumo pré-admissão em pacientes e progresso em humanos e ratos
durante 6 semanas de abstinência. A modelagem matemática mostra que este
processo é compatível com uma desmielinização sustentada e / ou uma reacção
glial.
Nota: Elaborado por Maria Jesus Blanco, Médica de Saúde Pública, tendo como fontes informações obtidas de: - Livro comer , beber e viver, promovendo a literacia em saúde dos portugueses (www.biblioteca.sns.gov.pt); JAMA Psiquiatria. Publicado online em 3 de abril de 2019. doi: 10.1001/jamapsychiatry.2019.0318, "Alterações microestruturais da substância branca em homens com transtorno de uso de álcool e ratos com consumo excessivo de álcool durante a abstinência precoce"
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