Páginas

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação

O Dia Mundial do Combate à Seca e à Desertificação é celebrado anualmente no dia 17 de Junho, desde 1994, ano em que foi proclamado pelas Nações Unidas. É uma forma de sensibilizar a opinião pública para a necessidade da cooperação internacional na luta contra este processo que afecta negativamente centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.
A Convenção das Nações Unidas para a Luta Contra a Desertificação (UNCCD) define a desertificação como um “processo de destruição do potencial produtivo da terra nas regiões de clima árido, semi-árido e sub-húmido seco, resultante de vários factores, entre eles, as variações climáticas e as actividades humanas”. Este problema foi detectado por volta da década de 30, quando os processos de destruição da vegetação e dos solos ocorreram em determinadas regiões dos Estados Unidos.
As principais causas da desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água, especialmente em actividades agropecuárias, à deficiente gestão dos recursos hídricos, ao abate indiscriminado de árvores e à seca. Quando se fala em deserto, pensa-se logo numa enorme àrea inóspita inabitável, sem a mínima sombra de árvore e sem qualquer vegetação verde. No entanto, as monoculturas (verdes) são as principais causadoras da desertificação. Com a formação de zonas áridas, a temperatura aumenta e o nível de humidade do ar diminui, dificultando a vida do ser humano nestas regiões. O solo torna-se infértil, diminui a produção agrícola, e aumenta a fome e a pobreza, levando à desagregação dos “padrões de organização social”.
A pobreza é, em parte, uma das causas deste fenómeno, cria um círculo vicioso, que se agrava, obrigando as populações de zonas rurais empobrecidas a migrarem para as cidades, que, em geral, não têm condições para alojar e empregar os recém-chegados de uma maneira adequada. Nas situações mais drásticas pode levar à luta pela posse de terra e da água.
 Segundo as previsões da ONU, o número de pessoas deslocadas poderá "atingir 200 milhões até 2050". A degradação do solo tem ocorrido praticamente por todo o mundo, mas é mais notória na África, Ásia e também na Europa. Portugal não está fora das zonas de risco. Para a Quercus, “Portugal é um dos países Europeus com maior risco de desertificação. Esse risco é praticamente nulo nas regiões acima do Tejo, mas abaixo do mesmo esse risco torna-se mais evidente. As regiões do Alentejo e do Algarve sofrem grande pressão hidrográfica devido à falta de pluviosidade, mas também devido à prática agrícola excessiva (Alentejo), e demasiadas infra-estruturas turísticas (Algarve) ”.
Diante do que foi abordado, conclui-se que a desertificação se deve a factores induzidos pelo homem e pelas alterações climáticas, evidenciando-se os primeiros como causa primordial da escassez de alimentos, da migração de populações à procura de melhores condições de vidas, que ocasiona a desagregação dos padrões de organização social, levando à pobreza. Daqui se deduz que o processo de recuperação de uma área desertificada é complexo, pois necessita de acções capazes de controlar, prevenir e recuperar as áreas degradadas, e evitar a desertificação humana. Mas acima de tudo, o combate à desertificação passa por medidas de ordenamento territorial, devidamente planeadas, nomeadamente as referentes à reflorestação e manutenção do solo protegido com vegetação durante todo o ano, para acautelar a sua erosão; à adequação das culturas ao tipo de solos, para evitar consumos excessivos de água e de fertilizantes e também a redução da sua produção agrícola; providenciar estudos da caracterização do solo, no sentido da adequabilidade do mesmo à sua utilização; criação de condições de fixação das pessoas aos locais de origem e por último acções direccionadas às populações no sentido de as sensibilizar para os problemas ambientais associados á má gestão dos recursos induzidas pela actividade humana. Estas medidas, de âmbito regional e global, competem aos governos, e aos estados.
Paralelamente a estas medidas, cabe a cada um de nós, enquanto cidadãos conscientes desta problemática, contribuir com pequenos grandes actos, que possam melhorar as condições da terra, como por exemplo: feche a torneira enquanto escova os dentes ou se barbeia; utilize as máquinas de lavar a roupa e a loiça com a carga completa; tome duches rápidos e não deixe a água a correr enquanto se ensaboa; nas lavagens de higiene pessoal, tape o orifício de saída de água e encha-a apenas com a água indispensável; reduza o consumo de água na lavagem do automóvel.
A desertificação é um problema que diz respeito a todos nós e a cada um de nós. São as nossas acções, por mais simples que nos possam parecer, que são capazes de contribuir para melhorar as condições ambientais do nosso Planeta.
Por último apelo à educação ambiental e à participação consciente e responsável dos cidadãos para que tenhamos a capacidade de deixar aos nossos descendentes um mundo melhor e mais aprazível do que aquele que herdamos de nossos antepassados.

Nota: Elaborado por Amâncio Ferreira, Técnico de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado na edição de 17/06/2010 do Jornal de Barcelos

Sem comentários:

Enviar um comentário