Dia Mundial da Saúde, comemorado hoje, dia 7 de Abril, celebra a criação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948. Este dia, fundamentado no direito do cidadão à saúde e na obrigação do Estado na promoção da saúde, tem como objectivo fomentar a consciência da população sobre temas relacionados com a saúde mundial.
Anualmente, a OMS elege um tema-chave da saúde global, organizando eventos internacionais, regionais e locais para promovê-lo. Este ano, o Dia Mundial da Saúde incide sobre “Urbanização e Saúde” com a campanha “1000 Cidades, 1000 Vidas”. O tema foi escolhido como reconhecimento dos efeitos da urbanização na saúde colectiva e individual.
O objectivo da campanha é conseguir que “1000 cidades” realizem actividades de promoção da saúde (actividades em parques, campanhas de limpeza, encerramento de ruas a veículos motorizados, promoção do exercício físico) e reunir 1000 histórias de campeões de saúde urbana (“1000 Vidas”), que tenham implementado medidas com impacto significativo na saúde das suas cidades. Os eventos serão organizados por todo o mundo, de 7-11 de Abril, tendo sido convidadas todas as cidades a disponibilizar espaços para a prática de actividades saudáveis.
É claro que não basta ter iniciativas, mais ou menos mediáticas, só para dar resposta a convites de comemorações. Cada vez mais, acentua-se a tendência para concentrar nas cidades a maioria da população. Torna-se necessário dar respostas que, no plano urbanístico, permitam uma melhor qualidade de vida das populações, tendo especialmente em conta: as acessibilidades; os meios de circulação; as infra-estruturas; a ocupação do espaço e a sua conjugação com zonas verdes e zonas de lazer. É essencial, ainda, criar condições que permitam a possibilidade de fixar, numa mesma zona, populações de diferentes grupos etários e diferenciação sócio-profissional. Só assim evitaremos a diferenciação da ocupação do espaço, entre condomínios privados e guetos, em que as grandes urbes renegam quem as procura na esperança de encontrar novas oportunidades, criando-se condições facilitadoras de situações de fome, miséria, pobreza e insegurança.
Muitas das doenças emergentes são consideradas doenças sociais, consequência de hábitos, comportamentos e estilos de vida. Embora sejam objecto de permanentes campanhas com o objectivo de as modificar e corrigir, são incapazes de afrontar os decisores políticos que, hipocritamente, tantas vezes as apoiam, sem, contudo, serem capazes de delinear estratégias que promovam essa mudança.
Os actuais padrões de doença são cada vez mais influenciados por situações promotoras de doenças mentais (tais como o stress), doenças respiratórias (de etiologia alérgica e associadas à poluição do ar), obesidade (devido a maior sedentarismo), e ambientes fechados facilitadores de propagação de doenças. Perante isto, reclamam-se mais e melhores serviços de saúde, sem que haja a coragem de corrigir os erros de base.
Urbanismo e Cidades Saudáveis, mais que uma bandeira, é um desafio à capacidade de inovar e renovar, tendo sempre em conta que tudo o que façamos actualmente terá repercussões e consequências futuras, sendo, como tal, necessário planear em função da evolução social previsível e não da realidade actual, amanhã ultrapassada e antiquada.
Naturalmente que, não chega eleger um dia para que se fale de saúde. Enquanto apenas se investir na demagogia de discursos arrebatadores, subsistem milhões de crianças, em todo o mundo, que morrem diariamente por falta de atendimento médico, de alimentos, de saneamento básico e de água potável. As acções devem ser implementadas no dia-a-dia e com objectivos concretos e meios para os atingir …. falar SÓ não chega! E tenhamos sempre presente que “uma ideia sem execução é um sonho”.
Nota: Elaborado por Sílvia Silva, Técnica de Saúde Ambiental da Unidade de Saúde Pública Barcelos/Esposende e publicado no Jornal de Barcelos de 2010/04/07.
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